Vitorino Nemésio

Vitorino Nemésio (1901 - 1978)

 

Vitorino Nemésio nasceu na Praia da Vitória, Ilha Terceira, em 1901, tendo frequentado o Liceu de Angra do Heroísmo e o Liceu Nacional da Horta, cujo Curso Geral concluiu em 1918. Apesar de muito jovem, Nemésio chega à Horta já imbuído dos ideais republicanos, pois já em Angra do Heroísmo havia participado em reuniões literárias, republicanas e a narco-sindicalistas.

Em 1919 inicia o serviço militar, como voluntário, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora dos Açores. Concluiu o liceu em Coimbra (1921), inscrevendo-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Em 1924 transfere-se para o Curso de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras da mesma Universidade e, em 1925, matricula-se no curso de Filologia Românica.

A 12 de Fevereiro de 1926 casa, em Coimbra, com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos.

Em 1930 transfere-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde haveria de concluir o curso de Filologia Românica, começando, de imediato, a leccionar literatura italiana e, mais tarde, literatura espanhola.

Doutorou-se em Letras, no ano de 1934, pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio e, entre 1937 e 1939, lecciona na Universidade Livre de Bruxelas. Mais tarde, em 1958, leccionará no Brasil. Em 12 de Setembro de 1971 profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase quarenta anos.

Foi autor e apresentador do programa televisivo Se Bem Me Lembro, dirigiu o Jornal O Dia, colaborou em várias revistas e jornais (Seara Nova, Presença, O Diabo e Diário Popular) e produziu uma excelentíssima obra literária nos campos da poesia, ficção, crónica, ensaio e crítica, de que se destaca a obra Mau Tempo no Canal, galardoada com o Prémio Ricardo Malheiros. Em 1965 recebeu o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.

Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, tendo sido sepultado, a seu pedido, em Coimbra.

O "incansável moleiro das palavras" no dizer de David Mourão Ferreira descreveu Penacova de forma ímpar: "Penacova é luz e penedia, com o que quer que seja de pirenaico, trazido às proporções da ternura e rusticidade portuguesa"; ou, "É preciso chegar às abertas e miradouros para achar a razão de ser da fama de Penacova que é o seu admirável panoramo de água, pinho e penedia."

As referências ao concelho de Penacova encontram-se bem presentes na obra de Nemésio: nas Viagens ao Pé da Porta, no Gustavo no Buçaco, em O Cavalo e a Serra e em O Velho Domingos, não faz apenas alusão aos moinhos, mas também à localidade do Roxo.

Eternamente ligado ao Concelho de Penacova, cujo património lhe serviu muitas vezes de inspiração, Nemésio, que foi Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Moinhos, era aqui proprietário de três moinhos e de uma mata. Um dos seus moinhos, localizado no Lugar da Portela de Oliveira, foi, em 15 de Junho de 1980, doado à autarquia pelos seus herdeiros, na presença de importantes vultos da literatura portuguesa contemporânea como David Mourão Ferreira e Natália Correia que ali recitou poemas de Nemésio.

Em sua homenagem a Câmara Municipal de Penacova criou, na Portela de Oliveira, o Museu do Moinho Vitorino Nemésio, um espaço destinado a preservar a história dos moinhos de vento e água e a memória dos seus moleiros.